NADA COMO UM DIA APÓS O
OUTRO E UMA NOITE NO MEIO.
FOLGA
Ontem
eu tive o meu dia de Madonna kkkkkkkkkkkk. Acordei às 5 da manhã como de
costume e arrumei a minha mala para os possíveis três dias de folga. Deixei a
enfermagem arrumada, entreguei a medicação para os meninos. Já da para ver por
ai que não comecei a minha folga como uma folga kkk. Fui para a reunião de
equipe que foi muito mais proveitosa que as outras, porque agora eu já sabia
quem era quem, os nomes dos internos de quem eles estavam falando. Não era mais
um marciano.
Até
esse momento a mochila que eu estava carregando não estava me atrapalhando tanto.
A reunião acabou às 10 horas e fui para a Rodoviária de Artur Nogueira e fiquei
esperando até às 12 horas o ônibus para Limeira já que não tem ônibus direto
para Piracicaba. Mas, tudo bem. Como diria o Silvio Santos.
É ritmo... é ritmo de
festa... Ritmo ... é ritmo de festa...
Fiz
amizade com uma senhora que também estava esperando ônibus só que ela ia para
Campinas, e nessa espera eu comprei água, bombom, salgadinho, conversei com o
guardinha da rodoviária, com mais outras pessoas que também iam para Limeira.
Só faltou eu entregar cartões kkkkk
Apesar
de a cidade ser bem perto uma da outra o ônibus vai parando onde ele vê uma
alma viva. Demorou 1h 10 min, uma viagem que de carro demora 20 minutos.
É ritmo... é ritmo de
festa... Ritmo ... é ritmo de festa...
Chegando em Limeira, o ônibus que vai
para lá, não entra na rodoviária kkk e por sorte depois de dois pontos que já tinha
passado da mesma, um outro passageiro perguntou para a pessoa que estava do meu
lado se a rodoviária estava longe e ela disse que já tinha passado kkkkkk.
Nesse momento a mochila começou a pesar, mas ninguém é obrigado a saber que eu
não sabia que um ônibus que sai de uma rodoviaria de uma cidade não vai para a rodoviária
de outra cidade. Quem tinha que saber essa coisa tão comum era eu kkkkk A mochila imensa que eu estava carregando não
era de uma pessoa que estava indo para a rodoviária e sim porque eu gosto de
carregar peso kkkkkkk
Não
estou desfazendo de ninguém pessoal, mas em São Paulo, existe um tratamento diferenciado
quanto ao motorista perguntar se você descerá antes do ponto final, se pode guardar
a mala no pagajeiro, caso ele tenha que descer para abrir e ter que estacionar
em um local que seja possível a abertura da porta lateral etc. São dois tipos
de serviços diferentes e agora eu sei que eu tenho que perguntar tudo.
Chegando
em Limeira esperei mais 1 hora para ir para Piracicaba e pasmem kkkkkkkkkk em
nenhuma lanchonete ou livraria da rodoviária vendia cartão telefônico kkkk Precisava ligar para a psicóloga avisando que
ia chegar mais que atrasado para a minha consulta que estava marcada para as
13. Resumindo cheguei em Piracicaba as 14 horas, já muito cansado e fui para a
Casa Dia onde eu estava internado. Revi meus amigos, conversei bastante e
cruzei a cidade para ir ao banco parar receber meu auxílio doença. Pensa num
dia quente, e em menos de 10 minutos o tempo virou e caiu aquela chuva de
molhar tudo com enxurrada kkk
É ritmo... é ritmo de
festa... Ritmo ... é ritmo de festa...
Pensei,
agora só falta eu não conseguir chegar ao banco a tempo.
Nessa
andança vieram algumas memórias do tempo que fiquei naquela cidade e o quanto
minha vida tinha mudado nesses dias. Ao passar ao lado do rio Piracicaba vi um
casal de capivaras com três filhotes e vi a Glória de Deus que cuida dos seus.
Se aquele casal de capivaras ele ama com tanto carinho, ainda mais eu que sou
seu filho. Fiquei alguns minutos vendo aquela cena linda.
Estava no zoológico? Não. No centro de
Piracicaba.
Voltei
para a clínica e antes passei na Rodoviária para comprar a passagem para São
José dos Campos, mas só tinha para 2h 30min da madrugada, então para não ficar
em Piracicaba comprei passagem para São Paulo e lá eu encontrei o meu amigo
Gary e seu “namorado”. Que cena deprimente. Os dois sujos, gritando um com o
outro, pedindo dinheiro.
Para lembrar, o Gary e seu namorado,
eram dois ex internos da clínica onde eu estava. O outro, ainda insinuou com
uma pergunta maliciosa se eu estava realmente bem? Não respondi nada e só
lancei um olhar para o meu próprio corpo e um olhar para o corpo dele como dizendo:
Compara. Eu sei que ninguém é melhor que ninguém e que fui até “soberbo”
naquele momento, mas ele tinha que perceber que naquele momento ele não estava
em condições de ainda querer usar de ironia.
Para
não “esticar” o assunto eu dei o dinheiro que eles precisavam para pegar o ônibus
e fui para a minha consulta que foi MARAVILHOSA. Enchi minha bateria e minha
psicóloga me levou para a Rodoviaria para eu não perder o ônibus.
Falei,
falei, falei.....
Precisava
de alguns retornos, que como sempre foram muito bem dados e sai de lá bem leve
apesar do peso da mochila que aumentou devido a coberta que eu peguei de volta
que eu tinha deixado lá e a toalha de banho que tinha sumido da última vez que
eu tinha viajado e que milagrosamente estava pendurada no varal.
O que
eu acho é que a pessoa que tinha “tomado emprestado” da última vez não
imaginava que eu estaria lá novamente.
Eu só peguei do varal na frente de
todos. Dobrei e coloquei dentro da minha mochila, esperando que alguém me
perguntasse alguma coisa. Minha vontade era de entrar quarto por quarto para
ver se meu lençol que também tinha sumido não estava esticado em alguma cama e
se a calça jeans também não estava em algum armário, mas percebi que não valeria
o stress.
De
volta a rodoviária encontro o Gary e seu companheiro novamente e fui presenteado
com uma simples mais profunda afirmação.
O
Gary olhou para mim e disse.
VOCÊ ESTA EM
RECUPERAÇÃO MESMO NÉ FABIO?
Neste
momento me senti impotente, dei um forte abraço nele apesar de ele estar
fedendo, todo sujo e alí era a única coisa que eu podia fazer já que ele
visivelmente estava na onda de usar mais droga e qualquer coisa que eu falasse
ia ser inútil. O eu estar limpo na frente dele já estava sendo suficiente e
agradeci a Deus porque vi que Ele tinha me usado naquele momento.
Durante
a terapia discutimos vários aspectos de minha recuperação e esse fato veio em
resposta a alguns de meus sentimentos.
O que
esta valendo a pena? Até quando ter que ajudar? Quando retomar a “minha vida”
...
E num
simples momento Deus me mostra que estar limpo vale a pena SEMPRE, terei que
ajudar sempre, e não retomarei minha vida jamais, já que eu a coloco nas mãos
de Deus todos os dias.
Mais
um ônibus, e rumo a São Paulo. Ao entrar na cidade a cabeça foi a mil,
lembranças da Cracolândia, das festas, das “bocas” e cheguei na Rodoviária que
parece uma cidade, cheia de lojas, coisas para comer e um refrigerante em lata
que custa R$ 4,60. Um absurdo, mas...
É ritmo... é ritmo de
festa... Ritmo ... é ritmo de festa...
Felizmente
o próximo ônibus para São José já partia em 15 minutos. Nesse momento a mochila
parecia que tinha 1000 kilos e desmaiei dentro do ônibus. Um detalhe. Nesse
ônibus veio uma mãe com duas crianças de colo com umas 6 malas, fora as
mochilinha das crianças kkkkkkkkkkkkkkkkkkk Ri muito alto, porque a referida
mãe não tinha NOÇÃO, em um dado momento eu pensei que fosse uma pegadinha, um correio
do Gugu, porque a mulher consegui esbarrar em todo mundo, derrubar mochilas,
gritar alto com as crianças, xingar o marido que não foi na viagem kkkkkkkk e
depois que eu pensei que já tinha acabado o show quase chegando em são José dos
Campos ela começa a gritar para o motorista
PARA PARA PARA
PARA
Ela queria
descer antes de chegar na rodoviária e deixou passar do ponto. O motorista teve
que parar na rodovia para ela descer e voltar a pé com todas as malas e duas crianças
às 23 horas.
Depois
sou eu que sou o louco kkkkkkkkkkkkkk
É ritmo... é ritmo de
festa... Ritmo ... é ritmo de festa...
Cheguei em casa
e é claro que meus sobrinhos já estavam desmaiados, não conseguiram esperar o T
I T I O chegar, mas agora terei que
simplificar a postagem de hoje já que o Vitor acordou e vou dar atenção para
ele. À noite eu volto com vocês.
ETERNAS IMCOMPARÁVEIS
24 HORAS DE SERENIDADE E SOBRIEDADE.