terça-feira, 15 de novembro de 2011

Esgotamento mental







O AMOR NÃO PODE SER COMPRADO, MAS TEM UM PREÇO CHAMADO SACRIFÍCIO.



                 Que feriadão foi esse. Água que não acabava mais e inacreditavelmente às 18 horas aqui em Piracicaba fez sol e tudo para coroar o fim deste feriadão kkkkkkkkkk. É pra deixar qualquer um com muita raiva.

                   Com toda essa chuva fiquei sonhando com o reservatório que a clínica Verônica terá para armazenar a água de chuva. Sonho com ela toda sustentável. “Viajei” sem usar drogas.

                   Colocarei essa semana todos os detalhes deste projeto para compartilhar com vocês meu sonho que parece inacreditável, mas eu sei que aos poucos eu vou conseguir realizar.

                   O dia hoje foi punk. Dois internos querendo ir embora. Uma chuva que não parou o dia todo. Telefones que não funcionavam. Internos batendo na porta do quarto o tempo todo para assuntos que “aparentemente” não tinham nenhuma significância.


          Estou sentindo na pele o que é ter uma clínica.

         Quando estava fazendo minha aula de estudo de caso clínico no que diz respeito à anamnese (perguntas relativas à doença), eu mesmo fui respondendo como se eu fosse o cliente e vi o quanto eu “fui” doente todos esses anos, e isso desde criança, com o complexo de orelha em abano. Cheguei a lembrar do dia que eu me dei conta que estava só de cueca na rua. Isso era normal no meu bairro quando se era criança, mas nesse dia acredito que caiu a ficha que eu era um “adulto”.

         Também relembrei de quando tive um início de síndrome do pânico e não conseguia nem sair do meu quarto. Foi uma época horrível e se não fosse minha amiga Sabrina cuidar de mim eu não sei o que teria sido. Eu só queria dormir e dormir e não acordar nunca mais. Eu era covarde até para me matar.

         E hoje vendo as dificuldades dos outros internos consigo ter compaixão pelo o que eles estão sentindo.

         Estou muito feliz porque depois de muita conversa e MUITA PACIÊNCIA um interno desistiu de ir embora.

         Só escrevo isso para mostrar que a vida em recuperação não são só sorrisos. É uma luta diária, mas com a certeza da vitória.

         Orei hoje pedindo para que Deus me de a força para realizar a vontade dele em minha vida. Decidi simplesmente não reclamar e só agradecer.

         Vamos falar um pouco do passado.



Inventário do dia 16 de abril

                   Nesse dia eu estava perdendo o foco e me “soltando muito”. Isso quer dizer que eu estava de muita brincadeira e quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo. Nunca é o “homem” que vem com brincadeira, mas o “veado” que é folgado, por isso, percebi o perigo que estava me rondando e fechei minhas asinhas e me coloquei no meu lugar.

                   Durante a noite após as 22h30m é solicitado o silêncio e até a chave geral é desligada para que as luzes do quarto não sejam acesas, mas quem desliga a língua da boca? Kkkkkk

                   Juntou a vontade de ir embora com o falar dos internos e aquilo tornou a noite insuportável e para piorar, depois que o barulho da conversa cessou, a orquestra de roncos começou.

          Neste dia eu estava no quartão, que são 3 quartos grudados em um só que é como se fosse um galpão com 8 internos em cada, então imagina 24  pessoas dormindo juntas: é uma conversando, outra roncando, outra peidando, outra falando sozinha, outra se mexendo na cama, um abre e fecha da porta. Detalhe, a minha cama era do lado da porta em que os 24 internos tinham que passar para entrar em seus respectivos quartos. Mole ou quer mais?

                   Não é a toa que hoje eu não reclamo de nada. Estou em um quarto com mais um coordenador só. Então aguento só um fumando e só um roncando e acredito que até esse esforço será por pouco tempo. Que saudades do meu quarto na casa dos meus pais e na casa da minha irmã onde morei no último ano com direito a cama box e televisão no quarto.

                   Eu gostei dessa “técnica” de sofrimento, pois, assim, eu e todos os outros internos dávamos valor ao que tínhamos. Não vou ficar focalizando nada pelo sofrimento não, porque o sofrimento a gente esquece. Eu focalizo o meu tratamento nas coisas boas que eu estou readquirindo.

                   Nesse dia também eu olhei para a mochila e minhas guloseimas estavam acabando o que significava que eu teria que comer o que a Casa tivesse para oferecer.

                   Esse tempo não tinha percebido a real necessidade de continuar internado e qualquer motivo era razão para querer ir embora. Hoje eu vejo o quanto eu sou um vencedor de continuar aqui mesmo “sem precisar”.

                   Fico com essas palavras por hoje porque para falar a verdade parece que estou sem esgotado psicológicamente. Fiquei esgotado emocionalmente, porque estar aqui é algo que realmente esta indo contra a minha vontade, mas farei isso porque a recompensa será alta.


ETERNAS IMCOMPARÁVEIS 24 HORAS DE SERENIDADE E SOBRIEDADE.

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