quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Finados



O QUE É A VIDA DO SER HUMANO?
UM CRESCIMENTO, UM RESPLENDOR E UMA DECADÊNCIA.
SIMPLES ASSSIM.
  
                                                  
                   Como já havia comentado em algumas postagens anteriores, houve o óbito do pai de um dos internos daqui a menos de uma semana e percebi que a data para ele seria um pouco mais difícil do que para os outros internos, e pela manhã já comecei a pensar em algo para falar na reunião de Espiritualidade em particular para a vida dele, e ao preparar a dinâmica percebi que a pessoa mais abençoada naquele momento fui eu.
                   Eu sou uma pessoa privilegiada por Deus neste aspecto, já que não aconteceram muitos óbitos em minha família, e os que aconteceram, foram quando eu era muito pequeno e não entendia muito, ou foram com pessoas não tão ligadas a mim. Sendo assim, hoje eu poderia falar sem sentir tanta dor em meu coração. Esta perda não é algo que eu tenha vivido tão de perto.
         Ainda tenho meus pais, irmã, sobrinhos ... e quando lembrei que não tenho mais meus vovôs, fiquei a pensar que na época não foi tão difícil a perda deles já que se era “esperado” a morte de um idoso. Parece muito frio ao falar, mas, com mais de 15 anos trabalhando como enfermeiro, enxergo a morte como algo muito natural.
          Também VIVO muito a realidade da vida eterna e é claro que não darei uma festa no dia da morte de meus pais, mas acredito que não ficarei desesperado, porque sei que “a missão” tanto deles como das pessoas que já se foram já se acabou.
          Ai me veio á cabeça a situação de minha avó que já esta internada há 2 meses e que nem me reconheceu semanas atrás quando fui visitá-la.
                   Ao sair do quarto eu pedi sinceramente a Deus que a levasse porque aquela não era a vida que minha vozinha pediu.                         Se minha avó morrer daqui a alguns dias, que é o que a família julga acontecer devido à gravidade do caso, nós julgamos estar preparados. Acreditamos que vamos aceitar com serenidade.
          Mas, olha que entre idas e vindas de internações, faz uns bons anos que a “velhinha” esta enterrando muita gente.

ELA É UMA GUERREIRA.

                   Vou usar este espaço para dizer que Dona Lauvínia é a avó que eu sempre pedi para Deus e que neste dia de finados eu aproveito não para lamentar a morte de meu avô Homero que também foi o avô que eu pedi para Deus, mas sim para glorificar a Deus pela presença de minha vozinha, mesmo ela não me reconhecendo mais pela sequela do mal de Alzheimer.
                   O que me resta é a lembrança das férias passadas na casa dela em Lucélia, onde se matava porcos, galinhas, comíamos torresmo, encontrávamos os primos de São Paulo (nesta época eu morava em Bauru), faziam-se as primeiras boas artes (o Carlinhos que o diga), subíamos em árvores, e sonhávamos com o tão esperado dinheirinho que ela guardava moeda por moeda durante todo o ano e distribuía aos netos nesta ocasião.
                   Parece que o texto esta meio triste hoje, mas posso garantir que não. Hoje estou feliz porque não esperei ocorrer a morte dela para identificar essas boas coisas vividas.

                 Desde sempre eu amei as pessoas que estão ao meu redor e vivo como se este fosse o último dia de minha vida, e quem me conhece sabe que mesmo antes da era do facebook eu era aquela pessoa que ligava no aniversário, que cruzava uma vila para ver um amigo (fala ai Rubia), que ia à fila de INSS de madrugada com um vizinho para guardar lugar, que visitava bebê recém-nascido, que ia a cerimônia de casamento sem mesmo ter festa depois, ia em colação de grau-formatura (essa era a pior de todas, que coisa mais chata kkk) e até ia em velório que eu odeio.
                  Então posso dizer que no dia de hoje eu tenho mais lembranças alegres do que tristes já que em vida eu fiz a minha parte antes da pessoa morrer.
                   Hoje eu não vejo o dia de Finadas como um dia de PERDA das pessoas que se foram e sim de ganho daquelas que ainda ficaram.
          Faço deste dia um memorial para dar mais valor a todos que ainda ficaram, para que no próximo dia de finados eu tenha a mesma paz que eu estou tendo nesse exato momento.
                   Antes que minha vozinha Madalena fique brava.

TAMBÉM TE AMO MUITO VÓ. E A SENHORA TAMBÉM É A VÓ QUE EU PEDI A DEUS.

                   O dia correu bem, e após a visita do Diretor da clínica, parece que ficarei por aqui por mais algum tempo.
          Esta insegurança de não saber o que vai acontecer “amanhã” é algo que tenho que trabalhar.
         O viver só por hoje é um exercício muito difícil.


                   Uma vez, em uma palestra, quando trabalhava na Unimed, o palestrante lançou a seguinte pergunta:
          Alguém tem medo de ser mandado embora?
          E como trabalhávamos lá como cargo de “confiança” e dependendo da presidência nós éramos trocados, ele disse para não ficarmos com medo de sermos mandados embora, porque isso aconteceria antes que nós pudéssemos imaginar e eu percebi que ele estava mais do que certo kkkkkkkkkkkkk
                   Eu sei que eu NÃO SEI nem se vou estar vivo amanhã, mas o Fábio gosta de ter um pouco de segurança, e isso onde estou trabalhando agora é IMPOSSÍVEL.
                   Como já disse em postagens anteriores, o que eu falo de manhã eu não escrevo á tarde.
                  Que bom, que assim, trabalho o segundo passo, acreditando que somente Deus pode me devolver a sanidade, que antes eu pensava que era somente não ser louco, mas é muito mais que isso. É também ter a serenidade para viver a vida.
                   Outra coisa interessante que percebi também nesses primeiros dias de coordenação é que quando o Fábio deixa Deus no controle, o Fábio pode até planejar pautas de reuniões, maneiras de se fazer as coisas... mas quando ele vê, não sai nada do jeito que ele queria kkkkkkkk  Sai infinitamente melhor.
                   Como estou inspirado vou escrever qual foi a minha maior dificuldade no dia 11 de abril.

INVENTÁRIO DO DIA 11 DE ABRIL

                   Cheguei aqui achando que eu era a última bolacha do pacote, sem perceber que essa bolacha é a mais desejada por ser a última, mas “muitas das vezes” ela esta só o farelo.
                   O fato das pessoas não saberem ler ou escrever e até mesmo falarem errado me dava o direito de ACHAR que eu era melhor que elas e no dia de hoje vejo o quanto elas me ensinam a ser mais humano, humilde, amigo...
                   Não que eu despreze o meu conhecimento técnico, mas sem amor de nada valeria conhecimento algum. Como é bom escrever os inventários anteriores e ver que o Fábio é outro Fábio. O que não aprendi em 38 anos estou aprendendo em 8 meses e só tenho a melhorar. O que mais me pegava é achar que porque tinha pós-graduação eu era melhor, mas do que adianta uma pós-graduação em Centro cirúrgico em uma chácara kkkkkk.
                   Outro ponto significativo é que perdi a paciência com um garoto que tinha deficiência mental, e ao lembrar-se disso fico a pensar em quem mesmo que tinha deficiência mental? Ele por sofrer de esquizofrenia ou eu que por ser “normal” não tive paciência de entender a doença dele?
                   Só rindo para não chorar.
                   Um ótimo dia para todos e lá vou eu me conectar com o mundo.
                   Não se esqueçam de viver o segundo passo:

Viemos acreditar que um Poder maior do que nós podería devolver-nos a sanidade.

INFINITAS BOAS 24 HORAS



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