quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Projeto Verônica


ASSIM COMO DEUS É TUDO O QUE ELE DIZ QUE É, SOMOS TUDO AQUILO QUE ELE DIZ QUE SOMOS.

                   Pensei que não fosse aguentar de tanta felicidade ontem quando falei com a minha amiga Nika e ao mesmo tempo com outra amiga Cindi Babado. O importante dessa conversa é que ao falar para Nika sobre o projeto Verônica ela ficou bem entusiasmada e lá vou eu então explicar o que é esse projeto.
                   Quando me internei há 7 meses atrás, vim trazido por meus familiares à esta chácara, já que todas as que eu ia visitar eu colocava defeito.
          Então, chega o Fábio em Piracicaba todo revoltado depois de ter ficado dias fora de casa.
         Já estava neste círculo vicioso há semanas. Passava dois dias fora de casa, voltava, me alimentava e ficava mais dois dias fora, até que um dia eu pedi para meu pai abrir a porta de casa porque eu estava indo para lá. Liguei de um orelhão e ele me perguntou onde eu estava e eu disse que estava no orelhão próximo de casa.
                   Era sempre uma rotina. Ele abria a porta. Ficava na cozinha. Eu entrava, tomava banho, meus 4 Rivoltril e dormia igual um príncipe e depois no outro dia me alimentava e saia para começar tudo de novo. Só que nesse dia ele fez diferente. Foi ao meu encontro e eu fiquei muito bravo porque eu não queria que ele me visse naquela situação degradante (sujo, magro, barbudo) e ele simplesmente disse que não precisava me ver para saber como eu estava, era só ele se olhar no espelho, e nessa hora vi a situação em que tinha colocado meu pai.
                   Nesse momento falei.
PODE ME INTERNAR PAI.
                   E estou aqui até hoje.
                   Quando vim para cá pensei que fosse ficar somente algumas semanas, mas depois de 1 mês percebi que precisaria ficar muito mais para não precisar voltar para aqui nunca mais e foi num desses dias que me veio a  ideia de construir um sonho que se concretiza a cada dia, que é abrir uma Clínica de Reabilitação para drogados com foco para o público  homossexual.
                   Porque para homossexuais?
                   Porque só eu sei a discriminação que eu sofri aqui por ser um. Tinha gente que nem do meu lado se sentava na hora da refeição, sem contar que aqueles que tentavam começar alguma amizade comigo eram exclusos do grupo.
                   Hoje eu cativei meu espaço e até me tornei coordenador da clínica, mas só eu sei o pão que eu comi e quantas “brincadeiras” eu tive que aguentar.
                   Então, numa noite comecei a pensar como seria maravilhoso um local onde todos fossem tratados simplesmente como adictos, não importando raça, credo, religião, opção sexual, e é isso que eu quero mostrar com a Clínica Verônica.
                   Esse nome veio para homenagear uma drag queen maravilhosa, que como eu, se envolveu com o mundo das drogas, mas que infelizmente não teve a mesma “sorte” que a minha e foi assassinada, e é por isso que quero homenageá-la.
                   Comecei o blog para mostrar como foi que cheguei até aqui e como ocorreu todo esse processo até chegar a ideia do projeto, pois bem, o projeto é bem complexo e por hoje só tenho que dizer que estou na fase de escrever esse blog para divulgá-lo e pegar a maior quantidade de pessoas possíveis para sonharem junto comigo.
                   Sou bem sincero para dizer que não sei como, nem onde, nem quando eu abrirei essa Clínica. Só sei que com 2 meses de internado eu tinha bem nítido que ficaria os 6 meses sugeridos de internação para mostrar para os futuros clientes da minha clínica que isso é possível e importante fazer o sugerido.
                   Segundo, decidi ficar mais 6 meses no mínimo, estudando e trabalhando como monitor em clínicas para pegar experiência para atuar na minha.
         Tenho 15 anos de experiência em administração Hospitalar, mas que não tem nada a ver com administração de clínicas para dependentes, e pela graça de Deus já fui aceito para fazer uma Pós-graduação em Álcool e droga pela Uniad.
                   Conforme eu for postando os inventários vocês perceberão como tudo aconteceu dia a dia.
                   Hoje senti a necessidade de pelo menos explicar no “grosso” o que vem a ser o Projeto já que muita gente esta perguntando, e por que minhas amigas todas estão amando a idéia.
                   E quando digo amigas eu digo em travestis, gays, simpatizantes, héteros,  ....
                   Quem me conhece sabe que não estou brincando, e quem sabe encontre através do blog um amigo para ajudar, um político, o Luciano, a Xuxa, enfim, são tantas pessoas que podem me ajudar. O que importa é que eu estou fazendo a minha parte para me capacitar.
                   Hoje eu sei o que é ser discriminado porque eu sei o que eu vivi aqui. 
                   O mais engraçado que o gay era eu, mas quem me procurava para ter relações aqui dentro eram os “homens”. Era muita hipocrisia.
        Teve um caso em que eu até tive que falar para um interno sobre o que ele acharia em saber que a filhinha dele tinha descoberto que o pai tinha sido expulso de uma clínica de reabilitação para dependentes de drogas e ainda por cima por ter sido pego com envolvimento com outro homem. Só assim ele largou do meu pé.
                   Um bando de hipócritas (Desculpe o desabafo).
         Eu sei que meu papel de recuperando eu estou fazendo até hoje, e como essa cultura machista vem até mesmo dos coordenadores eu ficava de mãos atadas e por isso a vontade de abrir “Verônica”
                   É um projeto ousado e nas próximas semanas eu colocarei tudo que eu sonho que a clínica tenha, desde um quarto decente, até um lago para os internos pescarem.
        Em todo esse tempo de internação eu viajo sem usar droga, só pensando nesse projeto e olha que ao postar esse blog eu vejo que ele esta se concretizando.
                   Conto com a ajuda de todos para darem sugestões e sei que pelo menos mais um ano eu estarei me preparando para ser pai de muitos adictos em recuperação.
                   Estou tendo a experiência aqui sendo pai de 32 e sem querer me gabar, pelo menos agora eu sou respeitado por todos, e os próximos “gays” que vierem para cá também serão.
                   Quero aproveitar a oportunidade para agradecer a Fernanda que sempre manda altos comentários no blog, minha irmã fofa que esta sempre do meu lado, minha prima Sueli que manda textinhos, minha Pastora Nielsen que me da um monte de furo, mas que tenho certeza que hora por mim todos os dias, e principalmente para todos os anônimos e seguidores que  fazem deste blog um sucesso com mais de 1200 acessos até o dia de hoje.
MUITO OBRIGADO PELA CONFIANÇA E POR ESCUTAREM A MINHA HISTÓRIA. FIQUEM COM DEUS E ETERNAS BOAS 24 HORAS DE SOBRIEDADE.

                   Amanhã eu volto ao ritmo normas das postagens.

Um comentário:

  1. Fá,eu creio que Deus tem algo maravilhoso para entregar em suas mãos,e como vc mesmo disse, Deus está te preparando para esse grande dia,pois eu creio que Deus não entrega nada para alguém que não saiba administrar,Deus não é tolo.Vc está no caminho certo!!!As lutas virão, mais a vitória tbém..Admiro a sua garra,beijoss,sua irmã que te ama.Li.

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