segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Co-dependência


               Eu só tenho a agradecer a recepção de todos os meus amigos em relação ao blog e principalmente aos desconhecidos que até  já são os meus seguidores.

 MUITO OBRIGADO MESMO

               No início, eu tinha em minha cabeça e no caderno também, postagens para quatro meses e minha surpresa é que até agora eu não consegui colocar nada do que planejei porque tudo é muito dinâmico.
               Quando eu planejo de escrever algo, logo vem uma postagem de um anônimo e faz os meus planos irem por água abaixo, por isso, escreverei hoje, sobre a co-dependência, que será de grande valia para o querido anônimo que me deixou uma lindo recado e que me serviu de inspiração para falar sobre esse assunto.
              Isso só me deu mais certeza de que estou no caminho certo. Também será de valia para muitas pessoas que se identificarão com o texto principalmente para a Sueli, Carlinhos, Eliane, Marcelo e toda minha família que tanto me ama e estava mais drogada do que eu.

               Co-dependência é um quadro caracterizado por um distúrbio mental acompanhado de ansiedade, angustia e uma compulssividade obsessiva em relação a tudo que envolve a vida do dependente. O co-dependente deixa de viver sua própria vida e passa a viver na dependência dos acontecimentos que ocorrem na vida do dependente químico (adicto).
               No meu caso, o meu co-dependente número um era, ou é, não sei ao certo ainda, o meu pai.
               Lembro-me de que quando eu ficava dias fora de casa sem dormir usando drogas ele também ficava da mesma maneira com a diferença de que a droga dele era eu.
               Sempre pedia para que ele abrisse a porta de casa e entrasse no quarto dele para não ver a situação que eu estava chegando (sujo, fedendo, sem comer a dias). Ligava de um orelhão perto de casa e quando isso acontecia eu aproveitava que ele estava no quarto para tomar um banho de horas e enquanto ele e minha mãe choravam eu ia dormir sob efeito do cansaço e mais 3 ou 4 Rivotril.
               Numa situação em particular, fazia três dias que eu não ia para casa e eu fiz o mesmo pedido de sempre e tinha certeza que eu realizaria o mesmo ritual citado acima, só que neste dia ele fez ao contrário e foi ao meu encontro e quando eu reclamei dizendo que eu não queria que ele me visse naquele estado ele me respondeu simplesmente que para saber como eu estava era só ele se olhar no espelho. Aquilo foi a gota de água e desde este dia eu estou internado e tanto ele como eu estamos mais gordinhos e dormindo regularmente.
               Os co-dependentes nunca sabem o que esperar, constantemente são bombardeados com problemas, perdas e mudanças. Em um momento é alguém batendo na porta de casa cobrando um dinheiro emprestado, uma fatura de cartão de crédito estourada (melhor 3 faturas), o meu chefe perguntando se minha família sabia de mim porque à uma semana eu não aparecia para trabalhar ....
               O meu pai muitas vezes errava, pensando que estava fazendo aquilo que deveria ser certo.  Enganava-se com manobras de “facilitação”, minimizando, controlando, protegendo, assumindo responsabilidades e compactuando comigo. Mas com o passar do tempo ele aprendeu que nem toda a ajuda colaborou positivamente para o meu sucesso terapêutico. Pagar as minhas dívidas, me poupar de ligações, me esconder da família, só me deixava mais estragado. Eu sei o quanto difícil deveria ser para ele saber quando ajudar e deixar de ajudar. Deixar de ajudar era muito difícil, pois, envolvia sentimentos conflitantes de medo e de culpa. Acredito que ele estava mais doente do que eu.
               Talvez se sentisse culpado pelo o que eu estava passando. Penso que ele se perguntava:

O que é que eu fiz de errado?

               E eu só tenho a dizer que NADA.

 Eu era o errado.

               Eu era o escravo do crack e ele era o meu escravo. O nome da droga de preferência que ele usava há anos era Fábio. Tudo que eu fazia de errado afetava meu pai e os efeitos eram potencializados nele. Ele estava constantemente ansioso e angustiado, com sentimentos de culpa e de raiva. Ele sofria juntamente comigo mas não tinha o prazer efêmero da droga. Enquanto eu era viciado na “droga”, meu pai (co-dependênte) era viciado nos meus problemas sem perceber.

               Hoje ele não esta limpo a 6 meses como eu porque enquanto eu estou internado ele continua consertando as burradas que eu fiz com a diferença de que agora eu mereço esta ajuda. 
               Pelo menos ele dorme tranquilo por saber onde eu estou e o que estou fazendo.
               Se alguém se identifica com este texto faça como ele e procure um grupo de NA (Narcóticos Anônimos) e peça ajuda e só assim você poderá ajudar a pessoa que  ama e a você também.
              Vou ficando por aqui e amanhã continuo falando sobre este  assunto no que diz respeito a facilitação na co-dependência.


Este texto foi baseado em um artigo do Dr. Luiz Ossamu Sanda encontrado no livro Drogas e Álcool. Prevenção e tratamento da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas.

Até amanhã e boas 24 horas de infinita sobriedade para todos.


Obs: A página ficou mais linda graças a colaboração de minha primeira seguidora, amiga, fofa, sempre tudo Bel ( Izabel).

11 comentários:

  1. Não existe o errado ,nao tem o culpado o tempo mostra que é uma doença que so que sabe quem tem é quem esperimenta.Tive a dor da culpa no primeiro internamento do meu filho so que hoje não sinto isso sei que ele tem uma doença que nao tem cura e sim controle,e ele sabe que jamais vou abandonar que o amor da familia é super importante na recuperaçao e eles sabem que tem um leão pra matar todos os dias e a familia tem que da apoio e muito amor

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  2. Não é simples perceber que estamos fazendo este papel de salvador, pois os co-dependentes têm muita dificuldade de conhecer seus sentimentos: estão habituados a se sacrificar pelos outros e nem se dão conta de que, em vez de controlar a sua própria vida, dedicam todo o seu tempo a controlar a vida dos outros.

    Como co-dependentes, dizemos sim, mas na realidade queremos dizer não; fazemos coisas que não queremos realmente fazer, ou fazemos o que cabia aos outros fazer.

    Uma atitude co-dependente pode parecer positiva, paciente e generosa, pois está baseada na melhor das intenções, mas, na realidade, é inadequada, exagerada e intrusa. A questão é que os co-dependentes estão viciados na vida alheia e não sabem mais viver a sua própria. Adoram dar, mas detestam receber, seja atenção, carinho ou ajuda. Desta forma, quanto mais se dedicam aos outros, menos autoconfiança possuem. Afinal, desconhecem os seus próprios limites e necessidades!

    A co-dependência se inicia quando uma pessoa, numa relação comprometida com um dependente, tenta controlar seu comportamento na esperança de ajudá-lo. Como conseqüência dessa busca mal sucedida de controle das atitudes do próximo, a pessoa acaba perdendo o domínio sobre seu próprio comportamento e vida.

    Em outras palavras, se ao nos dedicarmos aos outros estivermos nos abandonando, mais à frente teremos de nos confrontar com as conseqüências de nossa atitude ignorante.
    Reconhecer nossos limites e necessidades é tão saudável quanto a motivação de querer superá-los.

    Sentir a dor do outro não quer dizer ter que repará-la. Este é nosso grande desafio: sentir a dor com o intuito simplesmente de nos aproximarmos dela, em vez de querer transformá-la de modo imediato.

    É preciso deixar claro que ter empatia não tem nada a ver com a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos co-dependentes.

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  3. Gotaria muito que os anônimos entrassem em contato no meu email fabio.andrade.2010@hotmail.com para se tornarem amigos. Que lindas mensagens. Ganhei mais ânimo para continuar ese trabalho.

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  4. aguardo a postagem de amanha bjs sempre contigo ROSE BORGES( TATI) kkk

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  5. fabio esses comentatios foi todos meus,nao sabia como por meu nome,do mesmo jeito nao sabia e nao admitia que eu era e sou uma co-dependente
    roberta

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  6. Quando temos um drogadicto (viciado em drogas) como familiar muito próximo, (ou um alcoolista por exemplo), nossa vida é afetada, ou melhor de toda a família.

    E por mais que cada familiar leve na brincadeira e pense “um dia isso acaba”, saiba que as repercurssões são muito profundas e certamente vão acompanhar os membros da família por toda a vida.

    O ponto principal na co-dependencia é o fato de que apesar de sofrermos muito não conseguimos “tocar” nossa vida naturalmente, pois nos sentimos na obrigação de viver em função do dependente.

    Por isso, dizemos que quando um membro da família é dependente, a família está doente ou seja, é uma família co-dependente.

    Isso porque todos os membros da família são afetados pelo fato e têm, cada um, sua parcela de ansiedade, de culpa, de angústia que se manifesta num conjunto dinâmico, tendo como pivô o dependente.

    Mas não é só isso, o co-dependente também é o que se torna escravo de outra pessoa (do dependente no caso), e se sujeita a abusos de toda ordem para manter o relacionamento. roberta

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  7. Emocionado com tudo o que estou lendo,e pode ter certeza que minha amizade vc pode contar em todos os momentos da sua vida!!!

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  8. CO-Depencia

    Na verdade ele até tem consciência de que o relacionamento não é saudável, mas não consegue sair desta situação, isso porque as motivações que o levaram a tal posição são inconscientes.

    O assunto é extenso e me proponho a esclarecer mais sobre isso, dando continuidade a este texto em uma série que se inicia nesta primeira parte .

    Quero atentar também para o fato do dependente ser do tipo dependente emocional e depender do próprio indivíduo que se sente co-dependente, havendo uma simbiose entre os dois, mas de uma forma doentia trazendo angústia e sofrimento para ambos.

    Mas de momento, quero somente para terminar esta primeira parte, alertar também para o fato de que cada um de nós têm um grau de dependência, que é até natural, e esperado num ser humano saudável, e isso é importante nos nossos relacionamentos afetivos mais próximos, mas também temos um grau de “Autonomia” ( e que também não pode ser demasiado ) que nos mantém saudáveis, isso não quer dizer ser auto-suficiente pois somos um ser social e precisamos do convívio com o outro, dos estímulos e afetos trocados nos relacionamentos, no entanto, a dependência traz uma deterioração de sua Autonomia enquanto ser humano, não somente quando é uma dependência é a algo, mas também, “ a alguém”.
    roberta

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  9. Co-dependência


    Quando uma pessoa independente suporta e incentiva a dependência do outro.

    Muitas vezes, pensamos que somos a melhor pessoa do mundo porque agradamos aos outros e não a nós mesmos. Interrompemos nossas atividades para atender ao chamado alheio. Fazemos sempre mais do que os outros nos pedem, e, habilidosamente, antecipamos seus desejos e abrimos mão dos nossos com extrema facilidade. Depois, ficamos chateados quando os outros não fazem o mesmo por nós!

    Atenção, se você se identificou com esta curta situação, leia com atenção este texto, pois você pode estar sendo um co-dependente: alguém que acredita ser responsável pela felicidade alheia, mas que pouco cuida da sua...

    Semana passada, refletimos sobre a dependência sadia; agora, iremos pensar sobre quando a dependência se torna um fato negativo, isto é, quando uma pessoa independente suporta e incentiva a dependência do outro.

    Não é simples perceber que estamos fazendo este papel de salvador, pois os co-dependentes têm muita dificuldade de conhecer seus sentimentos: estão habituados a se sacrificar pelos outros e nem se dão conta de que, em vez de controlar a sua própria vida, dedicam todo o seu tempo a controlar a vida dos outros.

    Como co-dependentes, dizemos sim, mas na realidade queremos dizer não; fazemos coisas que não queremos realmente fazer, ou fazemos o que cabia aos outros fazer.

    Uma atitude co-dependente pode parecer positiva, paciente e generosa, pois está baseada na melhor das intenções, mas, na realidade, é inadequada, exagerada e intrusa. A questão é que os co-dependentes estão viciados na vida alheia e não sabem mais viver a sua própria. Adoram dar, mas detestam receber, seja atenção, carinho ou ajuda. Desta forma, quanto mais se dedicam aos outros, menos autoconfiança possuem. Afinal, desconhecem os seus próprios limites e necessidades! roberta

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  10. A co-dependência se inicia quando uma pessoa, numa relação comprometida com um dependente, tenta controlar seu comportamento na esperança de ajudá-lo. Como conseqüência dessa busca mal sucedida de controle das atitudes do próximo, a pessoa acaba perdendo o domínio sobre seu próprio comportamento e vida.

    Em outras palavras, se ao nos dedicarmos aos outros estivermos nos abandonando, mais à frente teremos de nos confrontar com as conseqüências de nossa atitude ignorante.
    Reconhecer nossos limites e necessidades é tão saudável quanto a motivação de querer superá-los.

    Sentir a dor do outro não quer dizer ter que repará-la. Este é nosso grande desafio: sentir a dor com o intuito simplesmente de nos aproximarmos dela, em vez de querer transformá-la de modo imediato.

    É preciso deixar claro que ter empatia não tem nada a ver com a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos co-dependentes.

    Stephen Levine, em Acolhendo a pessoa amada (Ed. Mandarin), nos dá uma boa dica para identificarmos se nossos relacionamentos são saudáveis ou não: Na co-dependência, as balanças sempre pendem para um lado. É freqüente que um tenha de estar ‘por baixo’ para que o outro se sinta ‘por cima’. Não há equilíbrio, somente a temida gravidade. Em um relacionamento equilibrado não há um ‘outro dominante’; os papéis estão em constante mudança. Quem tiver o apoio mais estável sustentará a escalada naquele dia.

    A troca equilibrada entre ceder e requisitar, dar e receber afeto e atenção nos aproxima de modo saudável das pessoas que nos cercam sem corrermos o risco de criar vínculos destrutivos. Assim como esclarece John Welwood, Em busca de uma psicologia do despertar (Ed.Rocco): O paradoxo do relacionamento é que ele nos obriga a sermos nós mesmos, expressando sem hesitação e assumindo uma posição. Ao mesmo tempo, exige que abandonemos todas as posições fixas, bem como nosso apego a elas. O desapego em um relacionamento não significa que não tenhamos necessidades ou que não prestemos atenção a elas. Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências nem com as preferências e aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato com nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir desta perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento.

    A empatia começa com a capacidade de estarmos bem conosco mesmos, de reconhecermos o que não gostamos em nós e admirarmos nossas qualidades. Quanto melhor tivermos sido compreendidos em nossas necessidades e sentimentos quando éramos crianças, melhor saberemos reconhecê-las quando adultos. roberta

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  11. Entrar em contato com os próprios sentimentos é a base para desenvolver a empatia. Como alguém que desconhece suas próprias necessidades poderá entender as necessidades alheias?

    Se você quiser ler mais sobre a co-dependência, os co-dependentes adoram fazer:

    - Considerar-se e sentir-se responsável por outra(s) pessoas(s) – pelos sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo destino dessa(s) pessoa(s).
    - Sentir ansiedade, pena e culpa quando a outra pessoa tem um problema.
    - Sentir-se compelido – quase forçado – a ajudar aquela pessoa a resolver o problema, seja dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções.
    - Ter raiva quando sua ajuda não é eficiente.
    - Comprometer-se demais.
    - Culpar outras pessoas pela situação em que ele mesmo está.
    - Dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se sente.
    - Achar que a outra pessoa o está levando à loucura.
    - Sentir raiva, sentir-se vítima, achar que está sendo usado e que não senta sendo apreciado.
    - Achar que não é bom o bastante.
    - Contentar-se apenas em ser necessário a outros.
    roberta

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